quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Crônicas Suburbanas: _____________________________________________

P.R.M.

JANEIRO

    É sempre assim... Férias escolares... Então significa estar em casa, ou no campo e ainda, na praia... Esse Janeiro sem praia e sem campo... Afinal sem alguns empregos, o sensato e controlar o débito da conta corrente... Mazelas suburbanas que não interrompem a vida... Janeiro então significa horas e horas na biblioteca, tentando encontrar as soluções para os problemas do mundo. O foco do momento são políticas publicas para a educação... De um lado o relatório do IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal) e a pergunta: Como prefeituras com índices tão baixos podem ser as melhores no item educação enquanto aquelas que ostentam as primeiras posições são ofuscadas? Araraquara, a primeira colocada é 16ª em educação e Indaiatuba, a segunda a 195º. Isso sem levar em conta o item Emprego e Renda, quando Ortolândia, primeira colocada neste item aparece em 893º em educação enquanto Sertãozinho segundo em emprego e renda é 244º. Lembrando que Terra Roxa, número 1 em educação é 3111º no IFDM e Santa Rita D`Oeste 2ª é 3279º. Do outro lado, textos sobre Poder... Friedrich Wilhelm Nietzsche, Michel Foucault, Os Contratualistas, Hannah Arendt, Norberto Bobbio, Max Weber, Bertrand Arthur William Russell, entre outros. E foi desse ultimo, Bertrand Russell a inspiração para as frases que twittei não faz muito tempo... "Minha condição servil se relaciona a minha incapacidade de identidade aos "deuses". Lula como o "UNO" de Platão e Dilma como seu Demiurgo"; "Lembrando B Russell sobre o que torna difícil a cooperação social... Cada um de nós gostaria de concebê-la segundo o modelo de cooperação entre Deus e seus Adoradores, com nós mesmos no lugar de Deus".

Assim "Minha condição servil que se relaciona a minha incapacidade de identidade aos "deuses" traduz os Janeiros. Ser incapaz de ser "deus" em minhas relações de cooperação social me coloca na condição de adorador, vassalo ou servil... Mas sou rebelde... não exerço a vassalagem, não sou servil e nem tão pouco, tenho vocação para adorador. Então me trancafio nessas quatro paredes com a poeira dos livros e exercito minha pretensão profética. Vivo os janeiros tentando descobrir meu feito notável que possibilitaria a saída dessa condição servil. Mas dia a pós dia, janeiro se esvai e em cada um deles (os dias), acordo com o Sol das quinze horas e vejo o apagar das luzes as cinco. Pulo de uma tela a outra entre os instrumentos da NTICs. Orkut, MSN, Twitter, facebook... Verifico infindáveis vezes as contas de e-mails, leio, ficho, escrevo, aponto... Uma alucinada busca de sentido para os janeiros. Não pode ser como os outros meses cujo turbilhão de afazeres triviais garantem a sobrevivência e nos impede de pensar a transcendência. Janeiro se configura como no tempo do afeto perdido, da sedução que já não existe, do fazer que já não se atreve... Janeiro se reserva ao discurso... e no discurso tudo é permitido... Janeiro é tempo de novo projeto... De revisão do antigo... Aquele que acabou em dezembro...

Se o corpo puído pelo tempo, já não mais seduz... Que então ainda seduz? Se os afetos de outrora não mais são satisfatórios... Que outros poderão satisfazer? Se os fazeres consomem tanta energia... Como fazê-los de outro modo?

Assim é Janeiro... Tempo de projeto... Pode ser aquele que traga a resposta para a melhor política pública em educação, ou a de como converter o estado de vassalagem em reinado. Pode ser aquele que me possibilite entender a dinâmica da angústia daqueles que, por de trás das telas de seus equipamentos eletrônicos, buscam a adoração de súditos que os justifique como autoridades divinas.

O que importa é que janeiro significa a inquietude da insatisfação de quem sai da beatitude de dezembro e aguarda a euforia de fevereiro para que o resto do ano se configure, da melhor forma possível, na promessa que se Fez no Réveillon. Mesmo que a menina continue dançando freneticamente nas festas de finais de semana; que outro aluno esfaqueie seu professor indignado com suas notas baixas; que o menino continue a enumerar suas conquistas como troféus e uma roda de amigos; que a educação formal se desvincule ainda mais dos significados que garantiam a convivência social, ou a inda que o Demiurgo de Lula venha a ser Deus de fato e de direito e oriente seus adoradores a um mundo mais justo e menos desigual - de fato e de direito.