domingo, 26 de julho de 2009

Inclusão imediata e inclusão tardia.

A modernidade traz consigo a marca da velocidade da informação. Nunca foi tão fácil se informar ou adquirir cultura neste conglomerado multifacetado e polifônico da produção cultural. As novas tecnologias nos possibilitam interagir com o pensamento no mundo, assim como instrumentalizar esta interação. O universo da rede nos oferece aquilo que esta sendo gerado no aqui agora. Podemos acessar textos, filmes, música e qualquer forma de expressão cultural produzida ao redor do mundo. No formato prático a tecnologia nos possibilita o auto-atendimento que vai desde uma consulta de preço nos terminais de código de barras em um supermercado, até as informações bancárias em um caixa eletrônico. Viver no mundo moderno é referendar os códigos binários por detrás das imagens virtuais apresentadas na tela de um terminal de computador.

Nossos filhos já nasceram em meio a todo esse conglomerado de informações. As soluções de problemas passam pela habilidade que desenvolvem frente às demandas tecnológicas. Alguns com acesso garantido pelas possibilidades financeiras, outros nem tanto. Alguns simplesmente conhecem termos e conceitos, mas raramente é apresentada a ampla possibilidade de interação. A inclusão imediata, aquela que perpassa o convívio de um mundo ligado em rede, não é garantida simplesmente, por estar neste mundo. Muitas comunidades ainda se encontram a margem desse mundo. Pobres, índios, deficientes, e todos aqueles que perdem o contato ou por exclusão social e econômica, ou por improbidade dos sistemas sociais e políticos que deveriam garanti-las. Ao se resolver o problema da inclusão imediata, que passa apenas por vontade política, não necessitaremos da inclusão tardia, daqui a alguns anos. Mas e hoje, como pensar estas comunidades que ao longo de suas vidas nenhum contato teve com a intrincada rede de tecnologias e que se vê obrigada a adaptar-se do dia para noite, idosos desesperados na frente de um caixa eletrônico, contando com a paciência de um atendente ou de um transeunte que possa lhe auxiliar. Pessoas sábias que ao se deparar com a ignorância dos mecanismos de comunicação tem sua auto estima abaladas. E ainda aquele que frente a seus filhos incluídos não são merecedores de atenção, já que estão ainda no século passado.

A inclusão imediata pode ser resolvida com vontade política de nossos governantes, mas a inclusão tardia pede mais, pede a percepção relativista que garanta ao ritmo particular de cada um, acesso aos meios. Se não for assim o mundo cibernético que possibilita a rapidez da informação sempre estará a serviço de poucos e desta forma novamente nos depararemos com novos apartheids que garantem as diferenças. Lembrando Nietzsche – para quem a cultura ainda é uma forma de poder, onde os que detêm o saber detêm o poder.