domingo, 20 de março de 2011

“IDEOLOGIA! EU QUERO UMA PRA VIVER”

PAULO R MERMEJO
Nesses últimos tempos tenho aqui conjecturado, eu comigo mesmo, sobre a constância no discurso corrente dessa tal necessidade de formação continuada, paralela ou em exercício, dos servidores públicos na busca eficiência e eficácia. E esse discurso se dirige, exatamente, a aquela parcela de servidores que em seu texto aparece como a mão de obra não qualificada e com salários irrisórios. Semana passada, participei de um encontro como o atual secretário da educação do Estado de São Paulo, que sobre a égide da construção democrática de um novo plano de carreira, e da melhoria das condições de trabalho, objetiva um serviço público de excelência. Penso que em uma estrutura, bastante viciada, em decorrência de suas raízes históricas, qualquer iniciativa de reforma do estado que não contemple uma concepção sistêmica, possa se configurar como mero paliativo. Não tento, com esse raciocínio, minimizar a importância da qualificação do servidor que se encontra em contado direto com o público, mas argumento que se faz necessário uma ação mais abrangente em termos de políticas públicas que efetivem a reforma do estado. O grande problema é que iniciativas como essa depende de idéias e de pessoas que conjuguem tais princípios - artigo raro em nossos dias. Raro, já que para se tornar elegível, seres humanos e suas idéias têm que, necessariamente, se notabilizar, e convenhamos, esse tipo de ser humano e suas idéias, estão bem fora de moda na atualidade. Aqui tornar-se notável é mais fácil para um palhaço ou um jogador de futebol do que pessoas com princípios e inclinação para o bem comum.
Dai emana a outra questão. Como o controle social pode ser exercido em sua plenitude? Bem no senso comum, parece-me que o ideário político só se ativa, no Brasil, em época eleitoral. Então os brasileiros notáveis, são aqueles que ao longo dos quatro anos, que separam uma eleição de outra, estão facilmente disponíveis e em evidência, e nesse caso, pouco importa a qualidade de suas idéias e seus princípios políticos, já que há uma devastadora descontinuidade entre o que se é na vida privada e o que se pretende na vida pública. Acredito que são mazelas da democracia. Mas penso que a verdadeira reforma do estado, deve ser iniciada pelas bases, com políticas públicas verdadeiramente comprometidas com a formação da identidade nacional e isso se faz a longo e longuíssimo prazo. Se tais metas forem implementadas, aquelas medidas paliativas terão sentido no curto prazo, mas se não... Serão meramente paliativas e estaremos à mercê do aparecimento de messias e salvadores da pátria ou pelo menos novos Delfins Netos, Bresseres Pereiras e FHCs e, por Deus, que eles não tragam consigo a cartilha do neoliberalismo...

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